As grandes navegações europeias e o comércio com a África
Durante o século XV, os portugueses almejaram conquistar o comércio lucrativo com a Ásia. Dessa forma, financiado pelos reis e mercadores, os navegantes começaram a exploração do continente africano. No primeiro momento, o principal objetivo era descobrir as fontes de ouro que os mercadores muçulmanos transportavam no norte da África, via deserto do Saara. Além disso, buscavam um caminho para as Índias, que permitisse abrir concorrência com os comerciantes italianos, que tinham amplo acesso ao Mar Mediterrâneo. As mercadorias que vinham do Oriente, como especiarias e tecidos, eram lucrativas na Europa e, Portugal para entrar nesse comércio também precisava do ouro.
No século XV inicia-se, portanto, as Grandes Navegações. Contornando lentamente a costa africana, com um aparato tecnológico sofisticado naquela época, os portugueses foram pioneiros entre os europeus a estabelecer contato com os povos da África ocidental e central.
As primeiras expedições na costa africana deram-se a partir da ocupação de Ceuta, em 1415, nesse território de povos berberes, os portugueses negociavam com as populações locais e sequestravam pessoas que chegavam às praias, escravizando-as. A justificativa, naquele período era a catequização, uma vez que esses povos eram convertidos ao islamismo, o que era considerado uma heresia pela Igreja Católica. Ao sul, além do rio Senegal, os povos encontrados não eram islâmicos, mas pagãos, o que na visão portuguesa também justificava a escravização, para que aqueles tivessem a chance de salvar a sua alma. Dessa maneira, os portugueses criavam uma justificativa para escravizar esses povos e iniciavam um grande comércio de pessoas na África.
As feitorias africanas
Rapidamente as populações africanas começaram a se precaver das embarcações desconhecidas e passaram a receber os portugueses com flechas envenenadas e escaramuças. Dessa forma, os portugueses tiveram que mudar sua estratégia na costa africana, para conseguir comercializar diversos produtos, dentre eles ouro e especiarias africanas.
Por volta de 1450, os ataques foram abandonados. Os portugueses começaram a organizar feitorias na costa africana, ou seja, fortificações militares com a função de proteger, armazenar e comercializar os produtos africanos. Em 1445, na costa do atual Senegal, em Arguim, construíram um forte com a proteção dos chefes locais para comercializar mercadores. A partir de 1770 começaram a negociar ouro com os acãs, atual Gana. Ali foi construído o Forte de São Jorge da Mina, em 1482.
Dessa maneira, essas feitorias cumpriam vários objetivos para Portugal: levar a fé cristã, comercializar com as populações locais, sobretudo o ouro para investir ainda mais nas navegações e, por fim, chegar até às Índias.
(Comércio Português na Costa da África)
As feitorias ficavam na região litorânea da África, dessa maneira, os chefes locais não permitiam o acesso dos portugueses no interior do continente. Algumas feitorias eram simples e eram usadas apenas para armazenar mercadorias para comercializar com os europeus. Em pontos mais estratégicos, onde o comércio era mais lucrativo, eram construídas fortificações em pedra, como em São Jorge da Mina.
(Descrição = El Mina, Gana, "Castelo de St. Georges de Mina, Tirote de Barbot e Dapper" História geral das viagens, Paris, Didot, 1750)
As trocas comerciais eram importantes para os dois povos. Europeus compravam ouro, escravos, noz-de-cola, marfim, pimenta, utensílios de metal, entre outros produtos. Já os africanos se interessavam por cavalos e armas, para assim se fortalecerem perante seus rivais.
As mercadorias, entre elas os escravizados, eram transportadas dos armazéns para os navios portugueses. No início, os africanos ofereciam um pequeno contingente de cativos, oriundos do sistema tradicional de escravidão do continente (sobretudo prisioneiros de guerras). Mas, com o desenvolvimento do comércio, muitos governantes africanos passaram a organizar uma captura sistemática de pessoas para a venda, desestruturando as sociedades tradicionais e entrando numa grande estrutura comercial de escravizados sob domínio europeu.
Referências
PELLEGRINI, Marco César. #Contato história, 2º ano. São Paulo: Quinteto Editorial, 2016.
SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil Africano. São Paulo: Ática, 2013.
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