Trechos de uma conversa no mar



- Que prédio é aquele?
- É o centro de ciências. É frequentado pelas autoridades: presidente, governadores...
-É mal frequentado então.
-Agora é, mas nem sempre foi assim.
Sorrimos.
***
Sou evangélica visse. Uma vez quebraram a estátua de Iemanjá na praia. Fui para a manifestação no Tambaú. No outro dia o pastor me chamou. Falou que viu uma moça parecida comigo no jornal. Respondi que era eu mesma. Sou uma ovelha que dou trabalho, disse rindo. Porque meu Deus é amor, ele gosta da diferença. Não tem preconceito.
***
Thalita muda de assunto. Mostra as unhas cumpridas e bem feitas: “coloquei ontem, 20 reais, agora tenho que puxar as cordas com todo cuidado” e sorriu mais uma vez.
***
- Vcs estão de férias?
- Sim, já estão acabando.
- Daqui a pouco vcs voltam para alimentar o capitalismo.
***
As vezes vamos sertão a fora. Conversar com as pessoas. Tentar ajudar. Quero te contar uma coisa importante. Existe resistência dentro da igreja. Somos poucos, mas é nosso dever não deixar o preconceito ganhar.
***
A conversa fluía ao som do forró de Flávio José. As piscinas do Seixas aos poucos sumindo com a maré alta. Sai feliz da embarcação, deu aquele quentinho no coração, sabe.

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